quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A camera dá um close no rosto do anjo de pedra.Começa a tocar "The Sounds Of Silence".A camera desce e podemos observar um cemitério. A chuva cai. Algumas pessoas estão do lado de fora. O carro fúnebre chega, levando o caixão de madeira. Depois que ele é descarregado, todos seguem para dentro do cemitério.
O enterro prossegue normalmente. A camera vai indo de rosto em rosto, tentando captar a expressão de todos. Não há uma pessoa que chore, ou sofra. Todos simplesmente observam a cerimônia, enquanto vagam nos seus próprios pensamentos. No fim, o caixão é preparado para ser enterrado. Quando ele já está no fundo da cova, um dos homens que participam do enterro tira um botton de Smile, sujo de sangue, do bolso e o observa, antes de lançá-lo para o buraco.
A cena descrita acima é do filme "Watchmen". Não é necessário revelar mais nada do roteiro. A cena, isolada, já é suficientemente tocante. Ela se torna mais impressionante ainda para quem leu a história em quadrinhos homônima, criada por Alan Moore e Dave Gibbons. A original é marcante, mas não marca do mesmo modo que a versão cinematográfica. As mudanças feitas dos quadrinhos para o cinema, e a música( indescrítivel, por sinal) são o que tornam essa cena tão emblemática.
Essa não é a primeira nem vai ser a última cena de um filme que vai ficar guardada na memória de muita gente. A história do cinema é recheada de cenas que marcaram épocas e pessoas.
Talvez seja esse o papel do cinema.Nos marcar, fazernos refletir sobre aquilo que nunca refletimos antes. Levantar questões nunca antes levantadas.
Mas se e se for exatamente o contrário? E se o cinema não servir apenas...para contar uma boa história? Nos fazer rir, chorar, distrair, etc?
Acredito que ele sirva para ambas as coisas. O cinema pode se usado como forma de protesto e como forma de diversão.
É exatamente sobre isso que o Nowhere Girl irá falar nos próximos posts: cinema. Como amante da sétima arte, vou postar minhas opinões, críticas e divagações sobre esse mundo onde (quase) tudo é possível.
Quero dividir com meus (poucos) leitores um pouco do que sei e acredito, e quem sabe, tornar os posts mais frequentes.
Bom, isso é tudo. Até o próximo post, ou melhor, para já ir entrando no clima, até a próxima sessão.

domingo, 29 de novembro de 2009

Still his guitar gently weeps


Enquanto escrevo isso, ouço uma das candidatas a minha música favorita dos Beatles.Seria um acontecimento corriqueiro, se eu não tivesse um motivo especial para estar ouvindo-a. Hoje faz oito anos que George Harrison morreu.
Oito anos. Nossa, o tempo realmente passa.Ao mesmo tempo que oito anos parecem ser muito tempo, parecem ser pouco também. Há menos de uma década ele ainda estava entre nós.
Não sei o que escrever exatamente. Ultimamente eu estava ouvindo muito suas músicas, o que é meio bizarro, era como se eu tivesse imaginado. Mas quero escrever alguma coisa, ele merece.
George era o guitarrista dos Beatles. E um senhor guitarrista.É engraçado vê-lo do lado dos outros. Sempre quieto, a sombramcelha levemente franzida, e às veses com um sorriso tímido no rosto.
Talvez por causa da personalidade mas reservada, acabou sendo ofuscado pelo John e o Paul(bem, era fácil ser ofuscado pelos dois). Até hoje algumas pessoas não enxergam o potencial que ele sempre teve.Seu talento não se resevava só na guitarra, e isso pode ser comprovado ouvindo "Here comes the sun","Something","While my guitar gently weeps", entre outras. "Here comes the sun" é uma das músicas mais otimistas e adoradas do mundo. "Something" é a declaração de amor mais perfeita, sincera e incrível do mundo. Mesmo depois do fim de seu casamento com Pattie Boyd, essa música ainda consegue fazer os casais suspirarem. E "While my guitar.." é....indiscretível. É como olhar pra dentro da alma de Harrison.
Como já deu pra notar, ele é o meu Beatle favorito. A sensibilidade dele simplesmente me espanta e fascina. Não dá para explicar.
Quando ele morreu, eu ainda não gostava de Beatles, de maneira que o acontecimento passou batido por mim. Mas se fosse agora, eu com certeza teria sentido.
Hoje nós só podemos lembrar dele com saudade, mas uma saudade boa, sem sofrimento. Sei que é muito clichê o que eu vou dizer, mas ele está em um lugar melhor agora.
Admito que estou com lágrimas nos olhos. E com raiva de que amanhã vai ser mais uma segunda-feira modorrenta e toda a minha geração vai estar discutindo coisas futeis e irrelevantes, como "qual o jonas mais bonito". Mesmo que eu diga para todos, ninguém vai sequer ligar para isso. Mas apesar de tudo, fico feliz em pensar que suas músicas jamais serão esquecidas. E que mesmo não estando mais entre nós, eu e seus outros fãs ainda conseguimos ouvir seu violão chorando gentilmente.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Stairway to Heaven

A música começa e meus olhos se fecham. É quase que automático.E A voz do Robert Plant ressoa...

"There's a lady who's sure all that glitters is gold, and she's buying a stairway to heaven..."

A imagem já se cria na minha mente.É como uma pintura que surge aos poucos.Um bosque fechado, à noite. Nada além da escuridão e o brilho da lua e das estrelas.

"...and she's buying a stairway to heaven..."

Um caminho silencioso se estende na minha frente. Eu simplesmente ando por ele. os sons da guitarra do Jimmy Page vão me guiando.

"...there's a sign on the wall but she wants to be sure
'Cause you know sometimes words have two meanings....and it makes me wonder..."

Tudo some da minha mente. É como se eu estivesse "viajando", mas de uma forma boa, saudável, sem nenhum efeito colateral.

"...there's a feeling I get when I look to the west, and my spirit is crying for leaving...in my thoughts I have seen rings of smoke through the trees
And the voices of those who stand looking...and it makes me wonder..."

Todo o peso some.Eu não fico nem agitada, nem sonolenta, só feliz. Feliz de verdade.

"...If there's a bustle in your hedgerow, don't be alarmed now, it's just a spring clean for the May Queen....yes there are two paths you can go by,but in the long run, there's still time to change the road you're on...."

And it makes me wonder.....

Os instrumentos se tornam mais rápidos. Tudo se transforma.

"....and as we wind on down the road,our shadows taller than our souls...there walks a lady we all know,who shines white light and wants to show...how everything still turns to gold....and if you listen very hard....the tune will come to you at last,when all are one and one is all,to be a rock and not to roll....."

Não sei porque gosto tanto dessa música. Se é a letra, a melodia, não sei dizer. Simplesmente a amo.

Ela já está chegando no fim.Meus ouvidos só se preparam para ouvir os ultimos acordes e a último verso cantado por Plant, que eu conheço de cor...

"...and she's buying a stairway to heaven...."

domingo, 18 de outubro de 2009

estórias

Essa é mais uma das minha estórias. Talvez eu não a termine. Só tive vontade de escrever. Na verdade é uma releitura de um dos meu livros favoritos.

***
Cap.1- Inglaterra, 1999
Basil terminava de limpar os pinceis. Henry e Nina observavam atentamente a pintura colocada na mesa, em frente aos dois. Seus olhos estavam fixos no quadro, como se quisessem absorver todas as informações de uma vez só
-Bay, ficou lindo.....-disse Nina, sem desgrudar os olhos dele.
-Cada dia que passa, seu talento só aumenta-completou Henry- estou realmente impressionado
Basil apenas deu um sorriso tímido como resposta.
- É apenas um “rascunho”. Deve fazer o original em breve- respondeu o garoto
-Sendo rascunho ou não, você tem que exibi-lo na feira de mês que vem. Se virem isso, sua entrada na faculdade está mais do que garantida.
- Eu não pretendo exibi-lo em lugar nenhum -respondeu Basil
- O quê?!- disse Nina, sem esconder a revolta- Bay, esse deve ser seu melhor trabalho! Tem que exibi-lo!!! Não pode esconder uma obra como essa!!
- Não posso fazer isso.
- Basil- continuou Henry- sei que pode estar encabulado ou nervoso, mas tem que exibir esse quadro. Por que não poderia fazê-lo?
- Prof. Henry....Nina....com todo respeito, não sei se iriam entender meus motivos- deu uma pausa antes de continuar- é que eu.....coloquei muito de mim nesse retrato.
- Acho que eu realmente não entendi- disse Nina, prendendo o riso – o modelo do retrato não tem nada a ver com você.
E realmente não tinha. O jovem do retrato tinha os cabelos loiros bem alinhados, e olhos de um azul tão vivo que chegava a cegar. Basil tinha os cabelos negros, que estavam a maior parte do tempo despenteados, e seus olhos eram de um castanho pálido comum. O Jovem possuía uma expressão serena, enquanto Basil passava a maior parte do tempo com rugas de concentração na testa . Mas a diferença mais marcante entre os dois estava no fato de que o modelo do retrato era uma das criaturas mais belas que já pisaram na face da terra, enquanto Basil possuía a aparência mais ordinária de todas. Comparar os dois era o mesmo que comparar um pavão a um corvo.
-Nina, não estou dizendo que sou parecido com o rapaz do retrato. Estou dizendo que ao pintá-lo, me expus de mais. Acabei revelando muito da minha alma.
- Não vejo problema nenhum nisso, mas se assim deseja, não vou te forçar- disse Henry- mas diga: quando vamos conhecer o modelo do retrato?
- Achei que já conhecesse- disse Basil surpreso- ele foi apresentado aos outros professores no inicio do mês.
- Sinceramente, tenho cara de quem a essas reuniões durante as férias? Fico o mais longe possível que posso dos outros professores durante o verão.
- Nossa, sei que não é muito fã de professores em geral, apesar de ser um, mas por essa eu não esperava- disse Nina
- Já convivemos juntos cerca de nove meses- respondeu Henry- para quê aumentar a convivência ?
Nina e Basil riram, enquanto este guardava o retrato na pasta junto de seus outros trabalhos.
-E então Bay- disse Nina- quando vamos conhecer seu adorado?
- Amanhã, com o inicio do ano letivo. Ele chega hoje a noite.
- Ai, que emoção!- zombou Nina- conhecer o famoso Dorian Gray!!!
- Bem, garotos, vou voltar para a minha base- disse Henry- até amanhã
- Até amanhã
Henry se levantou, pegou a bengala e saiu do quarto, fechando a porta ao sair.
Basil e Nina ficaram mais um tempo em silencio, antes dela recomeçar a falar
- Bay, se não quer expor o quadro, por que o mostrou para mim e para o Prof. Henry?
- Sempre mostro meus trabalhos para ele- disse Basil- é uma forma de agradecê-lo a toda a atenção que dedicou aos meus desenhos. E você....
-... Eu o quê?- perguntou Nina
-...você sempre foi capaz de ler minha alma, por mais que eu tentasse esconde-la. – completou Basil
Nina se surpreendeu com a resposta
-Puxa, achei que ia dizer que é porque somos amigos há muito tempo ou porque sou curiosa. Assim eu fico encabulada -seu rosto começou a corar furiosamente.
-Mas é verdade- disse o rapaz- de todas as pessoas no mundo, você é a única que consegue ver o interior da minha alma.
- Dorian Gray não consegue?- perguntou Nina cinicamente
- Não, não consegue- disse Basil rindo- está com ciúmes?
-Bay, até hoje você não me contou como o conheceu- disse Nina, mudando rapidamente de assunto- se não fosse por esse retrato, nem saberia seu nome. Para quê tanto mistério?
- Algumas coisas perdem a graça quando reveladas. Mas se quer tanto saber, eu te conto.
- Sim, eu quero saber !!!- disse Nina, mal contendo a curiosidade.
- Foi no inicio do verão- começou Basil- fui passar as férias na cidade da minha tia. Ela me apresentou ao Dorian. É filho de um casal amigo de titia. Morreram há alguns anos. Ele foi criado por parentes. Mas enfim, nós conhecemos e nos tornamos amigos facilmente . Seus parente já planejavam mandá-lo para cá, logo me ofereci para ajudá-lo enquanto se adapta a nova casa. Mas acho que ele fará amigos facilmente....é uma pessoa maravilhosa.....
- Se não te conhecesse Bay, diria que está apaixonado....- disse Nina
- Você está tão engraçadinha hoje- disse Basil sarcasticamente- mas admito que me assusto com o modo que ele influencia- e pousou o rosto nas mãos, voltando a tão conhecida expressão de reflexão.
De repente o relógio em cima da mesinha de cabeceira tocou.
- Nossa, já são sete horas!!!- disse Nina- anda, vamos logo para o refeitório, se não ficamos sem jantar.
A jovem se levantou e foi até a porta . Basil foi atrás dela, apagando a luz antes de fechar a porta do quarto.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Todos tem uma foto....

...na praia com meia dúzia de primos
...durante a festa junina no colégio, usando chapéu com trancinhas( no caso das mulheres) ou com um bigode pintado(no caso dos homens)
...em uma das primeiras festas de aniversário, soprando as velinhas do bolo e usando uma roupa que esteve na moda dez anos atrás
...desenhando
...na rede da casa de praia
...com óculos de sol enormes
...chorando ao lado dos irmãos
...com AQUELE bichinho de pelúcia inseparável
...comendo pipoca
...com os amiguinhos do colégio
...cantando numa apresentação de coral
...fazendo cara de filósofo
...no Carnaval, usando uma fantasia bem estranha¬¬
...andando de bicicleta
...rindo por nada
...vegetando

domingo, 6 de setembro de 2009

Fefê

Hoje vi o filme " A outra". Além de achar o elenco muito bom, a história é muito interessante. O filme narra a história de Ana Bolena e Henrique VIII, mas com uma personagem que foi deixada de fora da versão que conhecemos: Maria(Mary, no original) Bolena, irmã da Ana e assim como ela, apaixonada pelo rei.
Admito que mesmo achando Ana muito inteligente, eu simpatizei muito com Maria . E algo que me marcou no filme foi a amizade entre as duas.
Eu tenho três irmãs: duas são mais velhas que eu e uma é minha gemea. Eu amo muito todas, mas o filme me lembrou minha relação com a última.
Nós sempre encontramos assunto para conversar. Gostamos de praticamente as mesmas coisas, mas somos completamente diferentes. Quando eu olho o que Ana fez com Maria( assista o filme para descubrir^^), percebo que minha irmã nunca faria aquilo comigo. Não falo isso da boca para fora. Ela sempre cuidou de mim, aguentou meu mau-humor e temperamento díficil várias vezes, sem reclamar. Ela se preocupa mais com a minha felicidade do que com a dela, mesmo sabendo que eu nunca vou ter a mesma alegria de viver que ela tem. É a pessoa mais feliz, espirituosa e confiante na vida que eu conheço.
Outro dia ele reclamou que eu disse que não tinha aprendido nada de relevante com ela, mas depois de tudo que eu escrevi, acho que viram que isso não é verdade.
Peço desculpas as minha outras irmãs, caso elas se sintam deixadas de lado com esse texto, mas eu preciso dizer isso: muito obrigada, irmãzinha, por tudo, Desculpe se eu te canso, mas eu prometo que um dia eu vou ser tão boa quanto você.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma Vida Mágica com Harry Potter

É engraçado quando nós gostavamos muito de uma coisa quando crianças, crescemos e pensamos "ah, já não gosto mais tanto". Até que você volta a ter contato com aquilo, e vê que ainda adora. Esse é o meu caso com Harry Potter. Eu cresci com os livros e os filmes da série. Eu acompanhei até o fim e achei que tinha sido só uma fase e que nem ligava mais( para horror da minha mãe, que também gosta e ainda chora quando vê o final de A Pedra Filosofal). Até eu esbarrrar de novo com o Harry no sexto filme da série, que está passando nos cinemas. Não deu outra: reli o sétimo e o terceiro livro( e pretendo reler o quarto). Não foi a mesma emoção de ler pela primeira vez, quando você não sabe de nada, mas ainda assim foi muito bom. Minha história com o terceiro é engraçada. Passei o livro inteiro achando que determinado personagem era vilão para descobrir que estava errada. Ele até virou um dos meus favoritos.
As pessoas tem mania de achar "já cresceram, logo não tem mais tempo para coisinhas de criança". Eu achei que já estava ficando velha para gostar de magia, mas era mentira. Mesmo depois de tantos anos, eu continuo sendo aquela menininha de olhinhos azuis, sentada na sala de aula, com os olhos brilhando ao ler mais uma aventura do bruxinho(ok, bruxo, ele cresceu com o passar dos livros) mais famoso do mundo. Alguns podem rir quando lerem isso, mas eu aprendi muito com a série.
Em sete livros, eu aprendi aquilo que muitas pessoas demoram a vida inteira para aprender.
É por isso que até hoje eu me permito acreditar um pouco nessas estórias . É por isso que até hoje eu vibro com as partidas de quadribol.É por isso que até hoje eu uso as pérolas de sabedoria do Dumbledore na minha vida. É por isso que até hoje eu rio sozinha quando o Pirraça sai gritando pelos corredores de Hogwarts e da cara de escárnio do Snape. É por isso que até hoje eu me emociono quando leio a dedicatória da Rowling no sétimo livro : "Este livro é dedicado a sete pessoas: a Neil, a Jéssica[...]e a você, que acompanhou Harry até o fim."